Sala de Origami

sexta-feira, outubro 26, 2012

Pedra

Na próxima encarnação
Quero vir pedra
Sem todas essas confusões
De sentimentos e sentimentalismos
Até que me provem o contrário
Na próxima encarnação
Quero vir pedra

sexta-feira, outubro 19, 2012

Estranhos

Foi assim, num piscar de olhos, tudo se tornou diferente.
Em pouco tempo, nossa necessidade de guardar tudo o que vivemos em caixas, e guardar essas caixas no fundo dos armários, nos torna distantes.
As palavras soam frias, como que envoltas em espelho, permitindo apenas que vejamos a nós mesmos.
Não existe mais olhar nos olhos.
Todas as promessas que um dia fizemos, são trancadas a sete chaves. Estas são as que mais nos causam medo.
 Uma angústia de enfrentar a dor de imaginar que poderíamos ter sido mais fortes, batido no peito e enfrentado nossos obstáculos, e, juntos, realizado nossos sonhos.
É o medo de aceitar nossa fraqueza, nossos defeitos. Talvez esse medo seja mais forte do que a dor que nos visita diariamente e nos lembra que já não fazemos mais parte um do outro.
E ela continua a nos visitar até que a gente consiga estar bem longe para recordar apenas vagas lembranças do que um dia foi tão intenso.
Agora o que machuca também é imaginar que enquanto estamos cada dia mais estranhos um ao outro, um dia existirá alguém em nosso lugar, sonhando nossos sonhos.
Um dia isso passa e a tristeza se transforma em uma nostalgia etérea, e assim, talvez, poderemos despir-nos de nossas armaduras e nos reaproximar para nos conhecermos de novo.

sábado, outubro 13, 2012

Desabafo

Tento ser forte e racional, mas o coração vive a me atormentar. Bobagem achar que depois de passar por isso mais de uma vez, já estaria vacinado. Não há outra escolha a não ser seguir em frente e aprender a conviver com o que ficou aqui dentro. Aprender a viver com o que a gente tem.

terça-feira, outubro 02, 2012

Vôo sereno

Canta, passarinho
a saudade de um alguém
De um tempo que já se foi
E no peito a lembrança vem
Ora trêmula, quase apagada
Ora firme, devastadora

Voa, bem-te-vi
Até onde as grades lhe permitem
A gaiola já não mais existe
Mas também se foi
A vontade de voar

Pousa, canarinho
Suave e colorido ao chão
Construiu um dia o seu ninho
Dentro do meu coração
E lá deixou saudade
E um bocado de amor